O Carteiro e o Poeta (Postino, II, França, Itália, Bélgica, 1994). Touchstone Home Vídeo.
O filme reproduz a história de Mário Ruppolo que reside numa localidade de pescadores próximo ao mar com o seu pai, que como todos os membros da localidade, procuram sua sobrevivência por intermédio da vida árdua e precária na pescaria. No entanto, Mário nunca teve vontade de ser pescador, ter uma vida do mesmo jeito dos demais, e, além disso, tinha alergia a peixes, pois ambicionava algo rico, apesar de reconhecer que o seu grau de instrução seja limitado em decorrência da falta de oportunidade.
Entretanto para se ver livre do cativeiro imposto pelo pai, ou seja, da sua localidade, Mário procurava refugiar-se nos passeios extensos e quando tinha oportunidade, ia ao mundo imaginário e aventureiro manifesto pelas imagens do cinema.
Quando soube da existência de vagas temporária no correio, de “carteiro em bicicleta”, Mário percebe o momento propício para unir o útil ao agradável, pois apreciava os passeios de bicicleta, e, livrar-se-ia das pescarias enfadonhas. Com isso a satisfação que posteriormente descobriria de ter uma ligação com o poeta Pablo Neruda, “o poeta do povo”. Sendo assim, ele acaba conseguindo se tornar carteiro, ganha pouco e pode ganhar um pouco mais com as gorjetas. No entanto, em sua área de entrega só existe um cliente, o poeta Pablo Neruda, que se muda para o local por causa de problemas políticos em seu país, o Chile, haja vista ser esquerdistas.
Com o tempo, os obstáculos entre esses dois homens com profissões divergentes vão se diminuindo. Fascinado pelas poesias de Pablo, Mario é tão persistente, que consegue ter uma relação de amizade com o poeta mais aclamado pelas mulheres. Querendo também virar um poeta, Mario ainda não tem sua fonte de inspiração. Entretanto, não demora em aparecer, já que ele conhece em um bar a bela Beatrice Russo e fica completamente apaixonado. Agora, para conquistar a moça, tenta imitar seu grande ídolo Neruda, utilizando metáforas para descrever o que sente e o que vê na moça, que tem uma tia rígida e opressiva. Até aqui, tudo é maravilhoso, as poesias são lindas, a fotografia de Franco Di Giacomo são poesias em forma de imagens, e a história consegue ter uma inocência, uma paixão, um encanto conquistador.
O diretor Michael Radford só deixa as cenas rolarem com total liberdade para os atores junto com as belas locações, que enchem os olhos durante o filme todo,
porém não tem o mesmo nível de magia que havia na primeira parte. Até aquele clima apaixonante e a estrutura edificante não surgem da mesma maneira, dando espaço para uma infelicidade, uma tristeza que contradiz um pouco a primeira parte.
O filme "O Carteiro e o Poeta" poderia facilmente se tornar mais uma daquelas pérolas que o cinema italiano solta de tempo em tempo, poderia entrar naquele time liderado pelo "Cinema Paradiso" e o "Ladrões de Bicicleta", porém acabou ficando no meio do caminho por causa da meia hora final que realmente não deveria existir. Agora, avaliando o filme por sua 1 hora de 10 minutos iniciais onde temos o "primeiro final", podemos dizer que o filme é soberbo. O relacionamento do carteiro com o poeta acontece com calma, o sentimento dele pela garota é bem comandado, e não falta objetividade nessa paixão do protagonista pela moça. E mais, o modo com que ele utiliza a poesia para conquistar a garota de seus sonhos é simplesmente inspirador. É uma hora de sonho, amor, paixão, sedução e encanto proporcionado em demasia.
Com o fim do isolamento social, Neruda muda de cidade. Entretanto, após a convivência com o poeta, Mário tem um olhar diferente sobre a ilha. O que era feio e insípido adquire beleza e poesia na convivência com o poeta. À medida que se aproxima do poeta, o seu olhar acerca do mundo cresce em todos os sentidos.
sexta-feira, 27 de novembro de 2009
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